quarta-feira, 23 de setembro de 2015

Um dia comum em uma cidade grande do exterior

Antes de mais nada, este texto não tem o intento único de mostrar o lado ruim de nosso país, e sim, mostrar o quanto ele poderia ser melhor - se nós cobrássemos mais de nossos representantes políticos e exigíssemos melhorias básicas, que para os estrangeiros, são coisas normais (mas que nem isso nós temos). Passei uns dias no exterior no ano passado, e gostaria de descrever algumas coisas que nós poderíamos (e merecemos) ter. PS: todas as fotos são de uma das cidades visitadas, Barcelona.
Depois de escrever sobre "Um dia comum em uma grande cidade do brasil", achei interessante fazer uma comparação com uma cidade desenvolvida de outro país europeu, que nem vem ao caso dizer qual é. Pois bem... Sempre que viajo, sinto um leve nervosismo nos dias que antecedem a viagem. Sei lá... Medo de perder algo, de ser assaltado, de não conseguir me comunicar em outros idiomas, da mala ser extraviada, violada... Enfim, de passar por coisas que acontecem mais por aqui (ok, acontecem em todo lugar, mas nunca vivenciei isso no exterior - mas já vivi diversas vezes em vôos internos). O avião não caiu, cheguei no país e logo peguei um táxi para meu hotel. Até aí, tudo ok, temos taxistas mal intencionados, antipáticos e simpáticos. Dei a sorte de pegar um extremamente simpático, que falou em seu idioma pausadamente e deu várias dicas de passeios e precauções que devíamos ter (que não eram nem de longe as mesmas que teríamos no centro de São Paulo ou nas praias do Rio). Cheguei ao hotel, fiz o check-in e deixei minhas coisas, para só então conhecer a cidade.

Fui a alguns pontos turísticos e não vi nada de mendigos, pedintes ou malabaristas nos semáfotos. Peguei metrôs que eram até menos conservados que os de São Paulo, mas com linhas que abrangiam praticamente a cidade inteira. Nas ruas, o trânsito era um pouquinho cheio (muito mais tranquilo que o caos indescritível de São Paulo). Não vi craqueiros, assaltantes, prédios invadidos por "sem terra" ou loucos buzinando nas ruas, xingando e vivendo sem respeito algum ao próximo. Não vi sequestros relâmpagos ou "saidinhas" (os famosos assaltos que rolam quando a pessoa sai de algum banco com uma quantia maior de dinheiro sacado).

Vi dezenas de praças bonitas, com bares no seu entorno, músicos tocando por poucas moedas (por sinal, músicas de bom gosto) e espaços comunitários, como parquinhos pras crianças, rampas de skate para os jovens e ciclovias (bem feitas e planejadas) por toda cidade. Voltando às praças... Cara, é incrível a gente não ter mais esse conceito de "praça multi-uso"! No centro de São Paulo, as praças são antros de pedintes e seus bancos são tomados por mendigos que neles dormem - afinal, o "direito de ir e vir" e os direitos humanos não permitem que os tiremos de lá. E as fontes então? Vi lindas fontes, iluminadas nas noites... Aqui as fontes são cercadas por grades, para evitar que mendigos tomem banho nelas.

É muito agradável ficar em uma praça, seja em restaurantes ou em bares no seu entorno. Você vê a vida na cidade, vê pessoas de todo tipo curtindo de fato a cidade. Pais tomam uma cervejinha despreocupados, enquanto seus filhos brincam no parquinho. Você deixaria seu filho num parquinho em uma praça, passando horas em um bar próximo sem a menor preocupação de ficar vigiando seu filho? Pois é, perdemos esse direito também.
Fui a restaurantes, entrei em poucos minutos (não ficando na espera de uma hora, como ocorre aqui) e paguei por preços acessíveis (na época, o euro estava bem mais barato do que hoje - por isso, acho que não poderei voltar a viajar tão cedo). Nas praias e parques, vi pessoas dormindo com mochilas e computadores do lado. Você, carioca, dormiria na praia, deixando um notebook, um tablet ou um celular ao lado? Aliás, as praias não eram desumanamente cheias, não tinham arrastões nem homens grosseiros olhando pros traseiros das mulheres, proferindo "elogios" ainda mais grosseiros. Não havia lixo no chão, farofeiros ou pessoas jogando bola do nosso lado, nos dando boladas. Quanta diferença...

De noite, decidi ir a uma baladinha. Fui à pé, sem medo de voltar caminhando tarde. Cheguei na porta da balada e vi pessoas chegando e simplesmente parando seus carros na rua, a poucos metros do bar. Não havia "guardadores de carro", estacionamentos com preços exorbitantes ou aquele trânsito que já nos estressa antes mesmo de entrar no bar. Na baladas, a abordagem das pessoas era sutil, educada. Ninguém saía beijando a pessoa que acabara de conhecer. Pessoas educadas que respeitam as outras. Como a gente se permite viver em locais em que não nos respeitam, onde as pessoas transar com desconhecidos (na maioria das vezes sem preservativos) e não fazem questão nenhuma de ligar no dia seguinte? Não que isso não exista no resto do mundo, mas não vi nenhuma abordagem agressiva ou beijos relâmpago, tipo "chegou, beijou", como acontece nas baladas por aqui.
No bar da balada, você pedia o drink e pagava na hora. Isso significa que na hora em que você quisesse ir embora, saía e pronto (não pegando filas quilométricas, como ocorre aqui). Consumação? Não existe! Você paga pelo que consome - e no caso das baladas mais "descoladas", você paga uma entrada. Na saída da balada, as pessoas caminhavam poucos metros e iam direto aos seus carros. Não existem vallets, manobristas ou estacionamentos. Na volta para a casa (conforme conversei com muitos locais), não existe a paranoia da "lei seca". Não que eu seja a favor de bêbados guiando pela cidade, mas isso é inconcebível por lá. Os que bebem até cair não guiam, ou vão de táxi. Isso mostra algo simples de entender: as leis são mais rígidas quando as pessoas não sabem usar a sua liberdade. As leis existem para coibir maus comportamentos (afinal, se ninguém matasse, roubasse, sequestrasse ou cometesse qualquer delito, não haveria leis ou advogados). Logo, esse exagero na lei seca aqui mostra que a população não tem responsabilidade para guiar. E voltando ao táxi... O custo compensava, não era caro.
Cheguei ao hotel e refleti sobre o monte de coisas simples que não temos. Segurança, respeito ao próximo, locais de convívio nas ruas, praças, vagas nas ruas, preços justos, limpeza, educação, um trânsito normal, transporte público de qualidade, retorno pelos impostos que pagamos... Nada! Pagamos seguro de carros, impostos altíssimos, planos de saúde e educação privada, pois a pública é um lixo. Analise bem... Não temos NADA a não ser as pessoas que amamos e um país maravilhoso, que podia com certeza ser o melhor do mundo. Não temos catástrofes naturais, mas permitimos que os políticos nos propiciem uma vida catastrófica.
Bom... Este é um blog de elevação e otimismo. Então por que escrever um texto que mostra o quanto o nosso país é mal administrado? Justamente para que você faça o seguinte exercício:
Imagine-se vivendo em uma cidade com todos esses benefícios descritos acima. Imagine-se em um local sem os problemas que temos. Faça esse exercício antes de dormir. As mentalizações funcionam para atrair o que você pensa para a sua realidade. Os seus pensamentos emitem ondas, as ondas emitem energia e a energia EXISTE. Faça sua parte, e tente trazer a realidade que você merece para sua vida. VIBRE, EMITA positividade!
De resto, faça sua parte: não entre em brigas desnecessárias, sorria para os estranhos, seja educado, dê "bom dia" para seus vizinhos de rua ou prédio, não fure filas, não sonegue impostos, não jogue lixo na rua, respeite o próximo no trânsito e pare de financiar a mendicância. Quer ajudar ao próximo? Vá a asilos e orfanatos, compre cestas básicas... Mas não estimule esse comércio informal das ruas. Deixando de dar esmolas, os pedintes terão que fazer algo (como estudar e trabalhar), e sairão de lá.
Enfim... Não se contente com pouco. Não aceite um país aquém do que ele pode ser. Transforme seu entorno e assuma sua responsabilidade para melhorar sua vida. Acredite, o bem é contagioso. Mas se não for capaz disso, desista e saia desse país...
(por Jonas de Paula)

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