terça-feira, 12 de agosto de 2014

Um dia comum em uma grande cidade do "brasil"

Como se equilibrar com o cenário descrito abaixo, em "um dia comum em uma grande cidade do 'brasil'"? Leia e tire suas próprias conclusões:

Hoje acordei no horário que sempre costumo acordar, entre 8 e 8:30. Tomei meu café, me arrumei e sairia para comprar o presente de dia dos pais do meu velho. Tirando isso, era um dia como outro qualquer, onde pego meu carro e saio para fazer algo (seja ir no mercado, visitar parentes, ir à academia etc.). Independente de escrever neste blog, também sou jornalista autônomo (pela total falta de oportunidades que minha área proporciona), por isso posso fazer minhas atividades em horários procurando fugir de todos os males de uma cidade como São Paulo: o trânsito caótico, os locais que oferecem risco de vida e outras coisas que nem compensa falar aqui - afinal, isso faz parte de nosso cotidiano, cada vez mais ornamentado de pequenos novos males, que aceitamos como cordeiros sabendo que serão um dia vítimas de algum tipo de algoz. Além do mais, este não é um dia atípico: é só mais um dia comum em uma grande cidade do "brasil".

Assim que meu carro sobe a rampa da garagem do meu prédio, o portão se abre automaticamente e alguns pedestres passam. Um grupo de 4 moleques que eu até já conheço de vista, de pedintes da região, vê que eu estou saindo e propositalmente atrasa seu passo, um cutucando o outro, me olhando e rindo discretamente, como quem diz "vamos foder esse burguês que nos fode todo dia". Todos andam bem devagar para me atrasar deliberadamente - mesmo sabendo que poucas horas depois, irão me cruzar nas redondezas e me pedirão dinheiro. Eu poderia me irritar, mas faço o que todo brasileiro médio (e cordato) faz: releva. "Eles são vítimas de algo maior, não tiveram as mesmas oportunidades que eu...". Só para deixar claro: não tenho nada de burguês. Ganho o suficiente para pagar minhas contas, sou solteiro, moro em um apartamento de 50 metros quadrados e meu carro é de 2003. Se bobear, como pedintes, eles ganham mais do que eu, um jornalista autônomo. Mas nem me estresso com eles, pois isso faz parte de um dia comum em uma cidade com a minha.

Entro na rua e poucos minutos depois, com o semáforo verde para os carros, um rapaz de uns 18 anos atravessa a avenida calmamente, a uns 20 metros da faixa de pedestres, obrigando os carros a desacelerar (ou passar por cima dele). Seu olhar mostra que ele quer confronto, e ele consegue: um carro na pista do meio dá uma acelerada e assusta o pedestre. "Olha o farol, filho da puta!", grita o motorista do carro. "Vai tomar no cu!", responde o pedestre, mesmo sabendo (ou não) que está errado. Por um momento, fico em dúvida de quem deveria apoiar. Em grandes cidades do mundo, as pessoas atravessam na faixa e os carros param para elas atravessarem, não importando a cor do semáforo. Por outro lado, essas mesmas pessoas sorriem e agradecem pela gentileza dos motoristas, enquanto aqui não há educação de nenhuma parte. Eu poderia me alarmar por estar numa selva de pessoas mal educadas e sem nenhuma civilidade, mas logo relevo, pois este é um dia comum, e essas coisas ocorrem todo dia.

Enquanto alguns motoboys me fecham enlouquecidamente e passam nos semáforos vermelhos, - e eu não me importo mais com isso, pois esse é o comportamento normal deles - eu paro no semáforo vermelho e observo a ciclovia que instalaram na minha esquerda. "Que bom, olha aí essas pessoas usando suas bikes e deixando seus carros na garagem, poluindo menos a cidade.". De repente, uma senhora de seus quase 80 anos atravessa na faixa de pedestre e, do lado oposto da rua (ou seja, fora da ciclovia), um ciclista tromba e derruba a velhinha. Além de não estar na ciclovia (que é o seu lugar), ele não respeita o semáforo vermelho para ele, como se um ciclista não devesse respeitar nada. Alguns motoristas descem do carro e começa uma discussão. O ciclista dá uma bronca na velhinha ("A senhora atravessa desse jeito, sem olhar para os lados?"), enquanto um homem e uma mulher brigam com ele ("Amigo, você é que está errado, devia estar na ciclovia e respeitar o farol vermelho!"). Mesmo um pouco revoltado com o ciclista, decido não fazer nada, pois o clima entre o ciclista e as pessoas já beira a uma briga maior. Vai que alguém está armado, né? E isso é algo comum em uma cidade como a minha.

O semáforo abre para mim, e vou ao shopping comprar o presente do meu pai. Acho uma vaga no estacionamento, paro e caminho para a entrada, quando vejo um carro com som alto parando em uma vaga para deficientes. Logo desce um casal normal de seus 40 anos. Para um suposto deficiente, o motorista anda bem rápido, assobiando, rindo e com uma postura altiva, ereta, como quem diz à esposa: "Tá vendo como eu tinha razão? Parei na frente da entrada, na vaga dos paralíticos e ninguém vai fazer nada, porque eu sou foda!". A uns 8 metros dali, um guardinha do estacionamento do shopping olha a cena e nada faz, permanecendo como um valete de copas com seu walk-talk nas mãos. Dessa vez, não aguento e o abordo: "Desculpe me intrometer, mas o senhor não viu que aquele cara não é deficiente, e parou na vaga de deficiente?". O guardinha, com uma expressão de desaprovação total, responde com ironia: "Não, não vi.". Saio dali pensando em ir na gerência do shopping denunciar o guardinha por não fazer aquilo que ele é pago para fazer, mas logo desisto. "Vai que ele tem filhos, sustenta a família e é mandado embora por minha culpa". Além do mais, eu não tenho nada a ver com isso, vou perder tempo e tenho mais o que fazer. E assim, vou à loja e logo esqueço o que houve - até porque isso é algo corriqueiro, que se fosse me deixar puto toda fez que ocorresse, me deixaria puto 24h por dia. 

Entro na loja, que acabou de abrir - e está vazia (pois são aproximadamente 10:15). A atendente da loja está colando etiquetas, e não olha nos meus olhos enquanto pergunto pelo produto que procuro. "Vocês têm camisas xadrezes?", digo eu. "Acho que não", responde ela sem sorrir, e ainda sem me olhar nos olhos. Dá para ler os pensamentos dela: "Eu aqui trabalhando e esse boyzinho passeando em plena terça de manhã". Porra, será que mereço ser destratado só por não fazer parte de uma pseudominoria? Será que um cara ser considerado um boyzinho pela sua aparência não é o mesmo preconceito que olhar alguém e julgá-lo um bandido por sua aparência?
Decido procurar o produto sozinho e o acho, mas em outro tamanho. Procuro outra atendente. "Vocês não têm um tamanho maior?". "Não", responde ela. "Tem certeza? Será que não tem no estoque?", insisto eu. "Não, não tem". Duvido que ela tenha o estoque todo memorizado, mas mesmo assim, decido sugerir o que eu faria se fosse vendedor: "Será que não tem esse tamanho em outra filial aqui perto? Se tiver, eu vou para lá comprar". A vendedora me olha como se eu estivesse falando em mandarim, e eu tento ajudá-la: "Vocês não têm os telefones das outras filiais dessa loja? Aí é só ligar para a mais próxima daqui e perguntar se tem esse modelo em tamanho GG". Ela fica uns segundos tentando assimilar o que eu disse e logo sacramenta: "Ah, não dá". Percebo uma total falta de interesse em me atender e saio da loja. Não há comprometimento em vender, atender bem o cliente, ser educado, gerar um cliente insatisfeito e uma consequente venda para o concorrente... Nada! Todo mundo ali agiu como se o mundo girasse em torno deles. E talvez gire mesmo.
Compro o presente em outra loja, que tem uma promoção: "uma camisa, R$39,90. A partir de 2 camisas, você paga R$35,90 cada uma". Como jornalista sem grana que sou (desculpem o pleonasmo), decido comprar logo 3: uma para o aniversário de um tio (que será em poucas semanas), uma para meu pai e outra para mim. Já no caixa, a atendente me cobra R$35,90 por 2 camisas e a terceira por R$39,90. "Moça, o valor está errado". Mas não adianta: por mais que eu tente explicar que o cartaz tá escrito "a partir de 2 camisas, R$35,90", ela não entende, e só repete "Não, a promoção é para 2 camisas. Se comprar 3, a terceira não baixa o preço. Dessa vez, eu chamo o gerente, e para minha surpresa, ele confirma o que a caixa disse. Vendo que perdi mais de 10 minutos naquele caixa e que todo esse esforço me pouparia apenas 4 reais, concordo e pago logo o valor que eles erroneamente me cobram. Afinal, não tem o que fazer: em uma grande loja de departamentos como aquela, não havia uma pessoa capaz de entender a frase exposta na promoção. E estar rodeado de pessoas rasas, mal educadas, sem civilidade e vontade de aprender, é algo corriqueiro em um dia mais corriqueiro ainda como hoje.
Na saída do shopping, passo no mercado para comprar um pudim que será levado na casa de meus pais, pois hoje vou almoçar com eles e tinha prometido levar uma sobremesa. Como estou com apenas um produto, vou à fila de no máximo 10 volumes, e logo vejo uma mulher com uns 15 produtos no carrinho. A fila tem umas 5 pessoas, e todas se olham, como quem diz "Tá vendo? Ali tem mais de 10 produtos", mas ninguém faz nada, confiando numa ação da caixa. Chega a vez da mulher, e a caixa passa sua compra sem dizer nada. Todos ficam indignados, mas ninguém faz nada. Na minha vez, decido perguntar: "A senhora não viu que aquela mulher passou uns 15 produtos?". A caixa, dessa vez com educação, me responde: "Vi sim, mas na última vez que fiz isso, a cliente deu um baita escândalo e só faltou me bater". Cara... Como assim? E o segurança da loja, não é pago para isso? Já um pouco esgotado, pago o pudim e decido ir logo para a casa de meus pais almoçar. E agora, já começo a sentir o stress por ver tanta merda junta acontecendo. Isso porque hoje é um dia normal em um país como o nosso. 
Já no caminho para a casa de meus pais, vejo outros pequenos problemas sociais que nós nem encaramos mais como problemas: crianças fazendo malabares nos semáforos (que deviam estar nas escolas), homens vendendo produtos nas ruas clandestinamente (enquanto lojas a poucos metros dali permanecem vazias, não conseguindo competir com os preços praticados pelos clandestinos que não pagam imposto algum), dezenas e dezenas de pedintes que podiam estar trabalhando, homens chamando mulheres das alcunhas mais vergonhosas em plena luz do dia, pelo simples fato delas estarem com uma calça justa ou um decote... Mas isso nem me afeta mais, pois o brasileiro médio é assim: aceita as pequenas mudanças comportamentais (sempre para pior) como realidade e prefere relevar e se juntar a essa massa de pequenos malfeitores. E é por isso que pessoas ditas honestas roubam TV à cabo ("O serviço é péssimo e muito caro"), têm carteirinha de estudante sem estudar ("A UNE é uma máfia política"), compram DVDs piratas ("Se eles cobrassem o valor justo, eu não precisaria comprar o pirata"), param em vagas de deficientes ("São só 5 minutos") ou furam filas ("Eu não vou ser otário de ficar aqui esperando enquanto todo mundo fura a fila"). Elas se justificam, acreditam nas suas justificativas e ainda reclamam de nossa classe política, sem perceber que são tão desonestas quanto eles.
Almoço com meus pais, e os olho com ainda mais admiração, pois eles conseguiram me passar valores raros em um país como o nosso. É MUITO difícil ser honesto e respeitar ao próximo nos dias atuais. Sério, é MUITO desgastante. Você é passado para trás o tempo inteiro, e tem que relevar tudo se não quiser arrumar encrencas, ser taxado de "estressado" ou morto por qualquer besteira - ate porque em uma sociedade sem respeito ao próximo, a vida, a família e o amor não valem nada.
Lembrando de tudo que passei em pouco mais de 3 horas (acreditem, isso tudo de fato ocorreu na terça anterior ao dia dos pais!), eu percebo que se eu tivesse somente vivenciado o problema com a caixa da loja, do ciclista fora da ciclovia ou do pedestre fora da faixa, isso seria relevado por ser um único problema. Mas acho que nos acostumamos a ver muita coisa errada junta, e o mais grave é que não nos importamos mais, como um paciente em coma que não tem condição de reagir a nenhum estímulo. Não é o comportamento socialmente egoísta que mais me incomoda, é o fato de que além dos espertinhos só aumentarem, os ditos honestos estão se juntando a eles, como quem desiste de ser exceção e se adapta a um universo hostil, onde o "cada um por si" cada vez mais prevalece.
Sinceramente, se eu fosse o presidente do país, eu não saberia nem por onde começar. A base de tudo é a Educação, mas se não oferecerem Segurança, as crianças não vão para a escola. Se não acabarem com os pedintes, flanelinhas e afins, não compensa estudar ou trabalhar. E mesmo se houvesse Segurança, ninguém se forma cidadão sem o básico de Saúde, Saneamento, um Transporte decente e Emprego para que os pais de hoje ofereçam educação e civilidade para seus filhos. Isso sem mencionar a impunidade, presente em todas as esferas e classes sociais. A bandeira do país podia perfeitamente substituir o "ordem e progresso" por algo como "casa da mãe Joana" ou "Vale tudo".
Pouco antes de ir embora, vem a recompensa do dia: o pudim. Como uma droga que me tira de uma realidade extremamente salgada, cada colherada do pudim me entorpece e apaga aos poucos todos os males e problemas vividos. Santo açúcar, santa glicose na veia! Já um pouco mais tranquilo, suspiro fundo e, enfim, volto a sorrir. Não há outra saída, eu tenho que me acostumar a tudo isso. Por quê? Porque hoje foi apenas um dia comum em uma cidade grande de um grande (e pequeno) país chamado "brasil".
(Escrito por Jonas de Paula).
Em primeiro lugar, é preciso aceitar que não estamos onde estamos por acaso ou um capricho do destino.
Ninguém recebe um fardo maior do que consegue suportar, e é das adversidades que surgem as melhores ideias, as melhores lições e os seres humanos mais fortes. Portanto, aceite o mundo que lhe cerca e transforme as adversidades em atitudes. E lembre-se: só sabe o valor do bem quem experimentou o mal (assim como só valorizamos a saúde, um amor ou uma pessoa quando estamos doentes e perdemos entes queridos).


terça-feira, 8 de julho de 2014

O que me levou à Holoterapia?


Desde criança, eu sempre tive dúvidas em relação a tudo: como seria o Céu e o inferno, por que guerras ocorriam e por que existia tanta gente ruim no mundo. Estas perguntas se tornaram um pouco mais vivas quando minha avó paterna faleceu, quando eu tinha nove anos. Nunca tinha vivenciado um falecimento próximo, e não pude entender ou aceitar esse rompimento brutal e definitivo.

Mesmo assim, eu ainda era muito novo para ir atrás de conhecimentos mais profundos – até porque eu sempre estava mais ocupado fazendo o que mais gosto na vida até hoje: criar. Apesar de ter feito aulas de piano dos quatro aos seis anos, eu ainda não tinha uma ligação forte com a Música. Pouco depois de aprender a ler, eu só pensava em fazer histórias em quadrinhos. E por isso, vivi cerca de seis anos (dos oito aos catorze) com poucos amigos - e os poucos que eu tinha também desenhavam e criavam seus personagens. Isto me tornava um cara estranho, isolado... Mas que expunha todos seus anseios, frustrações e visões do mundo ideal em seus personagens. Aliás, eu sempre admirei as pessoas que transformam suas vidas e pensamentos em Arte. Todo mundo pensa o tempo inteiro, cria situações, imagina coisas boas, alimenta paranoias, medos, vontades... Mas a grande maioria guarda isso para si. E os artistas têm coragem de botar no papel tudo isso, expondo seus universos paralelos nas mais variadas histórias e obras. 

Embora eu não enxergasse isso naquele momento, meus personagens e histórias também refletiam tudo que estava dentro de mim e me norteava: eu tinha personagens similares aos personagens que eu admirava, aos meus ideais de vida, meus familiares e até aos carros da família.

Depois disso, dos catorze aos vinte e poucos anos, fiz o que (quase) toda pessoa dessa idade faz: me encantei com o sexo oposto, tive relacionamentos, turmas de amigos, baladas... E, além dos desenhos e histórias em quadrinhos, após achar uma bateria (que fora do meu pai) no sótão da casa, aprendi a tocar sozinho e tive minha fase de bandas. Depois dos dezoito anos, comecei a compor também (a esta altura da vida, eu já tinha aprendido a tocar violão também). A partir daí, meu trabalho passou a ser menos infantil e minhas criações ganharam um conteúdo mais "real" e comercial (pois naquele momento, eu já encarava tudo aquilo como uma possibilidade de carreira, e não um hobby). E, como não podia deixar de ser, quase todas minhas músicas também refletiam exatamente o que eu era. Dias bons, músicas otimistas. Dias ruins, músicas pessimistas. 

No entanto, no meio deste trajeto, aos quinze anos, comecei a ler Tarot. Vi um livro na banca de jornal (que vinha com o baralho), comprei e comecei a estudá-lo. Fiz alguns cursos (desses de revistas mesmo), aprofundei meus conhecimentos pesquisando em uma biblioteca perto de casa (já que na época não existia ainda internet) e comecei a ler para amigos e conhecidos. 

Devo confessar que no início, até pela idade besta que eu estava, eu ainda não enxergava o potencial que o Tarot tinha (afinal, um oráculo tem imenso potencial para ajudar pessoas que sentem falta de um “norte”). Mesmo assim, sempre deixei claro em minhas leituras que o Tarot indicaria tendências, mas não decretaria nada (afinal, sempre acreditei que é o livre arbítrio das pessoas que determina seus futuros, e não um baralho de Tarot). Porém, no fim de ano (entre o primeiro para o segundo colegial), um professor de Física pediu para eu ler para ele e, depois de uns dias, me chamou de canto e disse que tudo que tinha saído como tendência na leitura tinha acontecido. Neste exato momento, eu decidi que levaria aquilo a sério para sempre.

Embora a Tarologia não seja considerada uma prática holística (e sim, esotérica), eu percebi o quanto as pessoas necessitavam de algo que as amparasse. E mais do que isso: percebi o quão bom era ajudar pessoas em momentos difíceis (até porque eu li sem cobrar nada de ninguém dos meus quinze aos trinta e oito anos).

Bem... Considero que comecei a pesquisar e a praticar indiretamente temáticas holísticas em minha vida a partir de 2008. Após conhecer diversas religiões, praticar Yoga por quase dez anos e fazer mais cursos e estudos diversos (minha jornada será melhor explicada em outros textos deste blog), comecei oficialmente meu caminho como holoterapeuta em 2013 – ano em que fiz meu primeiro curso neste universo, ligado à Cristaloterapia.

E como minha vida só melhora desde então, decidi não só encarar as terapias integrativas como minha principal carreira, como também dividir muitas das minhas experiências com vocês neste blog, compilando uma visão geral de tudo que norteia as práticas holísticas e como elas mudaram minha vida. 

Do fundo do meu coração, espero que este blog funcione como uma isca para lhe aproximar deste maravilhoso universo holístico. 

E, mais do que isso: espero que as práticas holísticas mudem sua vida como mudaram a minha.

terça-feira, 1 de abril de 2014

O dia em que eu morri

O texto abaixo foi escrito poucos dias depois que perdi a cadelinha que nos deu a honra de sua companhia por quase 11 anos. Não importando se é humano, cachorro, planta ou mineral, cada "ser" oferece e compartilha um tipo diferente de interação, carinho e amor, e nenhum deles substitui o outro. Isto mostra que nada ou ninguém é melhor que o outro, ao contrário do que a maioria das religiões prega. Afinal, somos todos gotas integradas em um oceano de gotas iguais. 

Hoje acordei com uma sensação estranha, diferente. Há alguns dias, meu abrir de olhos era sucedido por duas sensações nada agradáveis: surpresa e dor. Surpresa por eu perceber que eu estava hospitalizada (e não na minha cama e meu lar), e dor por eu estar com algum tipo de doença. 

Sempre acordei muito cedo, na minha aconchegante cama, e passava meus dias junto à minha família. Todo dia, acordava com o som do despertador de meu pai e o acompanhava até que ele fosse trabalhar, passando então a acompanhar minha mãe, que ainda dormia. Enquanto meu irmão morou conosco, pelo fato dele trabalhar em seu escritório em casa, fazia questão de o acompanhar quando dava suas aulas ou criava seus trabalhos, e minha vida era mais ou menos isso: brincava com quem estivesse disposto a brincar, comia, dormia e acompanhava o ritmo da casa. Pelos amigos que fiz na vida, arrisco a dizer que não havia vida melhor do que a minha. E até por isso, me sentia muito estranha ao acordar em um leito de hospital e sentindo dores. Sempre fui saudável, fiz exercícios e me alimentei bem. Então por que eu estaria ali? Por que meus pais não vinham me buscar? Nestes últimos dias, não conseguia entender o que estava acontecendo.

Pois bem... Naquele dia, acordei com uma sensação diferente. A ansiedade e vontade de sair daquele hospital estavam menores que nos dias anteriores, minhas dores me incomodavam menos do que nos dias anteriores e eu gozava de uma estranha calma. No meu corpo, sondas, agulhas e outros adereços que mostravam que ele não funcionava mais como antes. Me sentia mais cansada, desanimada e ao mesmo tempo, resignada com isso. Em pouco tempo, vieram os mesmos médicos que me assistiam nos dias anteriores, e por mais que eles se mantivessem me tratando bem, com muito carinho e as brincadeiras de sempre, pude perceber um certo pessimismo no semblante deles. Aquele sem dúvida era um dia diferente.

Pelo excesso de remédios que eu tomava, passei o dia meio que dormindo e acordando. Com as dores cada vez menores, uma leveza me preenchia cada vez mais. Meu leito tinha luz o tempo inteiro, por isso não sabia quando era dia e quando era noite. Lá pelas tantas, finalmente minha família veio me visitar. Meu pai, minha mãe e meu irmão. Fiquei muito feliz ao vê-los, mas já não nutria a mesma vontade de implorar para que eles me tirassem dali. Os três me deram muito carinho (como sempre), me beijaram, disseram palavras de apoio e convicção na minha recuperação... Mas pela forma como choravam, matei a charada: eu não sobreviveria à cirurgia que faria em poucos minutos.

Procurei aproveitar cada minuto ao lado deles, com muita paz e tranquilidade. Não havia mais o que ser feito por mim ou por eles, e, como já disse anteriormente, não houve vida melhor que a minha. Não havia motivos para eu praguejar ou ficar triste. Ainda mais tendo ali minha família completa ao meu lado.

Na medida em que os medicamentos pré-operatórios faziam efeito, eu sentia meus olhos mais pesados, e uma incontrolável vontade de dormir. Procurei dar e receber o máximo de contato "humano", pois sabia que em breve não mais o teria. E como sempre soube me comunicar com minha família, mesmo sendo eles humanos e eu, uma cocker spañiel de quase 11 anos de idade, fitei longamente cada um deles agradecendo por tudo que vivemos juntos. Acho que consegui passar a mensagem que eu queria: "realmente não houve vida melhor que a minha. Obrigada por tudo. Amo vocês". Depois disso, não me lembro mais de nada. Anestesia, cirurgia... Nada. Apenas dormi.

Acordei em outro hospital, ainda me sentindo dopada, mas estranhamente leve e sem dores. Estranhei o fato de estar em outro local e com médicos diferentes. Como sempre fiz com humanos (principalmente através de olhares e linguagem corporal), me comuniquei intuitivamente:

- Aonde eu estou? Quem são vocês? Cadê minha família?
Um deles me olhou serenamente e respondeu:
- O hospital que você estava era para doenças mais graves, e este é um centro de recuperação. Em breve, você irá para seu novo lar.
- Novo lar? Mas eu não quero um novo lar, quero voltar para minha casa e minha família!
- Apenas descanse, em breve te explicamos tudo.
Mas não foi preciso explicar. Vocês, humanos, adoram se gabar por às vezes terem um sexto sentido ligado a uma suposta hiper sensibilidade, mas nós, cães, temos os seus cinco sentidos mais três que vocês só usam em condições extraordinárias, que são o instinto, o amor puro e a fidelidade plena. E talvez por estar com meu instinto altamente apurado, eu entendi o que houve: eu tinha morrido, e estava me recuperando para ir pra algum daqueles locais que vocês, humanos, chamavam ora de céu, ora de plano superior.

Apesar de me sentir ótima naquele local, eu ainda preferia voltar para a casa de minha família. Sempre escutei as pessoas dizendo que tinha puxado de meu pai essa aversão a grandes mudanças na vida, e acho que aquilo ficava evidente naquele momento. Gostava da rotina que tínhamos, sempre fui metódica e as coisas sempre funcionaram assim. Mas a vida segue (com ou sem vida), e não havia mais nada o que ser feito. Me mantive calma e me concentrei apenas na minha plena recuperação.

Poucos dias depois, acordei muito melhor, e fui encaminhada para minha nova casa. Na porta dela, apareceu uma pessoa muito familiar. Parecia ser meu pai. Corri na direção dele, mas ele demonstrou um certo receio em me carregar no colo (como meu pai sempre fez).
- Calma lá, menina, nós vamos cuidar de você com muito carinho, mas aqui você não dormirá na nossa cama. Olhe ao seu redor, tem muitos amigos que farão companhia para você, há brinquedos, comida e muito espaço para você brincar por aqui.

Olhei ao meu redor e vi uma espécie de jardim muito grande, florido e bonito. Dava para correr à vontade, não havia riscos de atropelamentos (pois não havia ruas ou carros nos moldes que via em meus passeios diários) e o clima era extremamente agradável. Para completar o quadro, em nosso amplo quintal (que mais parecia uma praça pública), havia diversos cães, gatos e passarinhos. Reconheci ali meus primos cachorros, meus irmãos canários e vários cachorrinhos que conheci ao longo da vida. O olhar deles era uma mistura de "seja bem-vinda" e "vamos brincar". Me senti muito bem, mas ainda estranhava a grande familiaridade daquele homem que se parecia muito com meu pai. Olhei profundamente para ele (que estava com sua esposa na porta daquela aconchegante casa) e perguntei intuitivamente quem eles eram.
- Sou o pai de seu pai, e esta é a mãe de seu pai. O pai de sua mãe morava aqui perto e sempre nos visitava, mas há pouco tempo voltou para a Terra. Você terá que aguardar um bocado para voltar a ver sua família. No entanto, não se preocupe. Você continuará se divertindo, correndo, comendo... E tendo todo amor que você merece.
- E minha família, eu não posso visitá-los?
- Você receberá muitas notícias deles e eles de você. De vez em quando, você poderá se encontrar com eles, mas tenha calma, neste momento é importante que ambos entendam que estão em locais diferentes.
- Me encontrar com eles? Aqui ou na minha casa?
- Calma, menina... você vai ter tempo suficiente para entender tudo.
- Mas... Vai demorar muito para eu poder vê-los? Sabe como é... Se eu puxei a coisa de ser metódica do meu pai, puxei também a ansiedade da minha mãe. Além disso, desde que eu entrei na minha casa, não fiquei um dia sequer sem pelo menos meu pai, minha mãe ou meu irmão... Nem imagino como é a vida sem eles.
- É aí que está... A sua vida como ela era não existe mais. Não se preocupe, vocês não poderão ser separados. Lembra quando eles saíam e te deixavam sozinha em casa?
- Lembro. Aquilo me entristecia muito.
- Pois é... Mas eles sempre voltavam, não é? Será o mesmo agora. Considere que desta vez, foi você que saiu.
- Mas eu preferia voltar...
- Não se aborreça, menina. Vocês terão alguns encontros casuais e você poderá visitar sua ex-casa de vez em quando. Basta que haja uma sintonia saudável entre vocês. Se a sintonia for ligada à tristeza e saudade física, isto só fará mal a vocês. Entenda uma coisa: existe um tempo certo para tudo, e não podemos mudar este tempo. Porém, há um elo muito forte entre vocês, e isto resistirá ao tempo. Nada poderá separar vocês. Nada.

Fiquei um pouco pensativa, mas tudo estava claro. Certas coisas, a gente pode até não gostar, mas não tem o direito de questionar. Aliás, eu não tinha o direito de reclamar de nada. Não houve vida melhor que a minha. Até minha morte foi rápida e indolor. E eu sabia que muitos dos meus amigos tiveram um fim de vida muito mais demorado e doloroso que eu meu. Eu fora, mais uma vez, extremamente abençoada!
- Bom... - continuei - Então quer dizer que uma hora eles virão até mim?
- Ou você irá ao encontro deles.
- No caso deles virem para cá, mesmo que eles demorem, eu posso esperar na porta, com um desses brinquedinhos na boca? Sabe como é, eu sou muito metódica, e sempre fiz isso na vida...
- Poder, pode. - disse meu avô, soltando uma risada contida - Mas... Adiantaria alguma coisa se eu dissesse que é melhor você tentar seguir sua nova vida aqui, sem se ater aos seus velhos hábitos terrenos?
- Pra ser sincera, prefiro esperar na porta com o brinquedinho na boca...
- Você é quem sabe...

Desta forma, meu avô, que muito se parecia fisicamente com meu pai, entrou na casa ao lado de minha avô. Alguns gatos foram atrás dela, e mesmo vendo alguns cachorros me chamando para brincar, fiquei alguns minutos ali com um brinquedinho na boca. Sabia que meus pais e meu irmão demorariam, mas valia a espera. Eles tirariam o brinquedo da minha boca, eu resistiria por alguns segundos, puxando o brinquedinho... Aí eles o jogariam longe, eu correria para pegá-lo e pularia no colo deles. Nunca me cansei desta brincadeira. E caso eles demorassem muito, ainda assim, eu esperaria. Afinal, sempre fiz tudo por eles e eles por mim. Além do mais, quando cada um deles aparecer neste jardim, quero agradecer por tudo e dizer que valeu cada segundo de nossa convivência. Assim, eu não sairia daquele jardim por nada.

- Mel, acaba de sair do forno um pão quentinho. Tá com fome? - disse meu avô.
Bom... Por um pão fresquinho, a gente até abre uma exceção, né? Larguei o brinquedinho e entrei correndo.





(dedicado à Mel Louise Paione, uma linda cocker spañiel que

nasceu em 14/06/2003 e fez parte de nossas vidas até

21/03/2014 - escrito por Daniel Paione de 24 para 25/03/2014).



terça-feira, 18 de março de 2014

Religiosidade x Espiritualidade


Embora eu tenha sido batizado logo após nascer e tenha feito a primeira comunhão aos doze anos, posso dizer que comecei a me interessar de fato pela busca por “respostas mais amplas” (sobre a vida após a morte e diversos fenômenos que a razão não explicava) por volta dos meus vinte anos. Meus pais e irmão nunca foram muito religiosos, por isso demorei tanto para começar a ter este interesse. E, como era de se esperar, cada resposta gerava mais e mais perguntas. Só aí percebi que esta é uma busca sem fim. 

Por que as coisas acontecem como acontecem? Há um motivo para isso? O que vem na frente: Destino ou livre arbítrio? Por que o excesso de sensibilidade traz tantos problemas às pessoas sensíveis? Não existem regras ou uma idade padrão para buscar respostas mais profundas sobre a vida, a morte e outras questões mais profundas. Eu particularmente comecei a sentir necessidade e me conectar a algo maior por volta dos vinte anos, quando abracei o espiritismo como religião e me mantive satisfeito com as respostas que ele me oferecia até pouco depois dos meus trinta anos. A partir daí, comecei a sentir que “faltava alguma coisa”.

Por volta dos meus trinta anos, vendo que nada me “completava” inteiramente como religião, decidi estudar um pouco de cada doutrina, sem preconceitos ou "pré-conceitos". Embora eu tivesse mais informações das religiões católica e espírita, eu queria entender mais do que a teoria de cada religião: eu queria compreender o que movia e inspirava seus seguidores, sem deixar de contrapor estes conceitos a tudo que eu já aceitava e questionava. 

O resultado disso era de se esperar: concordei com várias coisas de várias religiões e discordei de outras.

Citando o maior expoente religioso, admiro MUITO o papel de Jesus Cristo e a verdadeira obra que ele nos deixou. Mas será que ele apoiaria 100% do que está na Bíblia Sagrada, que acabou sendo escrita por outras pessoas e sofrendo dezenas de revisões ao longo dos séculos? E isto é HISTÓRIA, não a minha opinião. Será que Jesus apoiaria a ideia de queimar mulheres que questionavam as coisas, como ocorreu na época da Inquisição? Será que ele associaria o homossexualismo a algo condenável, como muito religioso hoje associa? Duvido. Suas lições envolviam a aceitação incondicional de todos, a busca do bem e a prática do Amor acima de tudo, não importando o credo, raça, gênero ou opção sexual da pessoa. Da mesma forma, será que Maomé aprovaria homens bomba, extermínio de católicos ou o uso de crianças como escudo? Dificilmente. É óbvio que estou citando os exemplos mais radicais – e os radicais representam a minoria dos fiéis. 

Mesmo assim, prossegui lendo muito, conversando com religiosos praticantes, continuei frequentando centros, igrejas, terreiros, templos, espaços... E comecei a perceber que, segundo a minha visão do que seria ideal, havia muita coisa interessante em diversas religiões: as meditações e o equilíbrio buscado pelo Budismo, a certeza da continuidade da vida (e a comunicação com os desencarnados) do Espiritismo, o Amor universal deixado por Jesus, as metáforas e mantras do Hinduísmo etc.

Então, por que eu deveria me adequar a uma só doutrina, se via sentido em práticas das mais variadas religiões? Por que a necessidade do “rótulo” de praticar apenas UMA religião?

Baseado nisso e em tudo que li sobre as mais variadas condutas, comecei a entender que por trás de todos os dogmas de fé, regras, deuses, métodos de elevação, causas e consequências, todos os seus praticantes no fundo buscavam a mesma coisa: paz no coração - traduza isto como você quiser: algo para anular seus erros, para lhe deixar mais tranquilo, para chamar de “o segredo da humanidade” ou para explicar o que ocorre depois que morremos. 

A partir do momento em que concluí que, no fundo, todas as doutrinas buscavam o mesmo, passei a ter outros questionamentos: se as religiões são centradas na paz, Amor e no bem, por que tanta intolerância? Por que tantas brigas e guerras religiosas? Se não for por motivos políticos ou financeiros, nada justifica o fato de uma pessoa se achar melhor que a outra por ter uma religião diferente da sua. 

Desta forma, embora eu continue frequentando centros espíritas (por acreditar que a doutrina espírita não seja uma questão de fé, e sim, um FATO) e templos budistas, no sentido restritivo desta definição, eu não considero que tenha uma religião - mas sim, que eu sigo várias doutrinas/filosofias. 

Minha “religião” se resume em seguir poucas regras: fazer o bem, evitar o mal, sentir Gratidão por tudo e buscar minha elevação como pessoa e espírito, hoje e sempre.

Tenho em casa um pequeno ”santuário” que chamo de meu "pequeno espaço de elevação", onde tenho imagens budistas, hinduístas e católicas (pois admiro muitas histórias destas imagens e me identifico com elas). Gosto do clima de paz das igrejas, da Arte estampada em seu entorno, das músicas e energia da Umbanda e pratico mantras e meditações sempre que possível. Meus amigos mais religiosos dizem que isso é “falta de personalidade religiosa”, mas e daí? Esta é a forma que eu encontrei de me elevar. Pode não ser a sua. Não sinto mais necessidade de rotular minhas crenças.

Bem... No momento em que deixei de tentar me adequar a algo, encontrando um Equilíbrio interno que me definia, passei a atrair aquilo se sintonizava comigo no meu entorno. Foi aí que eu percebi que minha vida estava se tornando mais completa, integral. E, sem saber, eu já começava a viver holisticamente. E quanto mais eu estudava as práticas holísticas, minha relação com a espiritualidade e com o Todo indivisível a que fazemos parte (que, para mim, não tem nada a ver com "religiosidade") começou a fazer mais sentido. Afinal, em uma proposta de vida integrativa, no momento em que conquistamos nosso Equilíbrio interno, isto fatalmente se expandirá ao externo, levando o bem que adquirimos a todos que convivem conosco. 

A partir do momento em que adotamos práticas holísticas em nossas vidas (respeitando tudo que nos cerca – pessoas, espaço urbano, plantas, animais e a Natureza em geral), cada um de nós ajuda a equilibrar o planeta e tudo que nos cerca. 

VIVER HOLISTICAMENTE é olhar além das suas crenças, dos seus entes queridos, da sua rua, bairro, país, continente e planeta. É deixar de enxergar somente a sua realidade e passar a enxergar você, o Todo que você faz parte e você inserido nele.

Enfim... Independente de sua crença ou religião, tenha em mente a real necessidade de respeitar e interagir da melhor forma com este TODO que nos preenche e nos cerca. Afinal... Somos como gotas em um oceano, e nenhuma gota é melhor ou mais importante que as outras. Por isso buscamos a integração com tudo que nos cerca - sempre centrados no bem, na fuga do mal, no aprendizado constante e no respeito a tudo que nos rodeia.

quarta-feira, 12 de março de 2014

Ainda precisamos do Feminismo em pleno século XXI?

Qual é o real significado do Feminismo? A busca por direitos iguais, ou mostrar que a mulher é melhor que o homem? Ao contrário do que muita gente pensa, a verdadeira FEMINISTA não é a mulher que acha que a mulher é melhor que o homem, e sim, aquela que acha que a mulher merece tudo que o homem pode conquistar, e que deve ser tratada, apontada e julgada como um homem é. 

A presença do Feminismo infelizmente AINDA se faz necessária porque o mundo ao nosso redor não costuma ser justo com as mulheres. Mesmo assim, muitas mulheres ainda deturpam o sentido desta "luta". Não entendo muito bem a presença dessas pseudofeministas tirando a roupa em público para agregar algum valor à mulher. Se o objetivo é justamente mostrar que é a mulher é mais do que um pedaço de carne, qual é o propósito de expor seu corpo? Chamar a atenção da mídia? No fim das contas, a foto dos seios delas sai grande, e ninguém sabe o motivo delas estarem ali peladas. 

O grande problema é que há Homens e homens. Meu pai sempre trabalhou fora e minha mãe acabou educando seus filhos praticamente sozinha. Em detrimento disso, o respeito à mulher sempre foi algo não só normal, mas uma obrigação nossa como homens. Nunca na minha vida fiz elogios chulos, nunca puxei mulheres pelo braço nas baladas muito menos busco encostar nelas quando pego um metrô. E isto não é digno de elogios é o MÍNIMO que todo homem devia fazer. Respeitar se quiser ser respeitado.

No entanto, o mundo não é assim. Enquanto houver pedreiros com elogios chulos, molestadores de metrô, estupradores, playboyzinhos que puxam as mulheres pelo braço nas baladas, maridos que batem nas esposas e até mesmo homens que julgam às mulheres por suas roupas ou curvas, o feminismo ainda é necessário. Não para mim, mas para o mundo doente de quem associa um decote à falta de vergonha, uma sainha a "sou fácil" e simpatia a "tô a fim de você". 

Da mesma forma, não é porque uma mulher se vista com recato, que ela deva ser considerada frígida ou sem graça. Não é porque uma mulher malhe, se vista de forma sensual e seja "gostosa", que ela não possa ser inteligente, bem sucedida e feliz estando solteira. Como sabiamente disse uma amiga minha pouco antes de eu escrever este texto, “Eu gosto de me tratar, gosto de me sentir bonita e ser respeitosamente desejada (aliás, quem diz que não gosta, tá mentindo). Gosto de homens sérios com lampejos safados, e não de safados com lampejos sérios. De qualquer forma, se eu saio com uma saia ou um decote, isto não te dá o direito de me bolinar ou me julgar como fácil ou vagabunda.” 

Em suma, a mulher ainda é julgada e condenada o tempo inteiro. E, por causa disso, existe, sim, um espaço para aquilo que chamo de “Feminismo real” – ou seja, não para desvalorizar o homem, dizendo que as mulheres são superiores, mas para evitar que essas injustiças sejam cometidas contra elas. O machismo é tão hostil quanto o racismo ou esse feminismo belicoso que muitas mulheres propagam (afinal, dizer que "homem não presta" ou que "mulher é muito mais esperta que o homem" não deixa de ser um preconceito que nos diminui).

Valorizar a si mesmo não significa necessariamente desvalorizar o outro, seja homem ou mulher. Somos parte de um sistema único, uma engrenagem onde um precisa do outro. E, particularmente falando das relações entre homens e mulheres, aceitemos que nossas diferenças são deliciosamente atraentes (e talvez incompreensíveis aos olhos do sexo oposto). Não adianta lutar contra isso, cada um tem sua Natureza. 

O respeito ao próximo sempre deve ser a premissa básica de uma sociedade sexual e profissionalmente igualitária. Não sei se esta igualdade será vista ainda nesta década, mas mais do que valorizar as conquistas que as mulheres já tiveram, precisamos minimizar os resquícios de nossa cultura machista e patriarcal. Se é natural um homem se masturbar, deveria ser natural a mulher fazer o mesmo. Se um homem “gostoso” é respeitado na rua, uma mulher “gostosa” também deve ser. Se um homem transa e não é julgado, pare de julgar a mulher que faz isso, seja você homem ou mulher. E mais: valorize a mulher na hora do sexo. É incrível perceber nos atendimentos que faço que ainda há tanta mulher negligenciada em uma relação sexual. 

Acredito que não chegaremos a lugar algum propagando máximas como “o século XXI será o século das mulheres”. Isso é substituir a petulância do machismo por uma petulância do feminismo. Espero que este seja o século da igualdade sexual. E espero que a mulher saia dos dilemas que a perseguem hoje: liberdade x julgamentos, beleza x grosserias, bonzinhos x cafajestes, tímidas/ travadas x extrovertidas/ putas.

Basta desses preconceitos idiotas, somos todos iguais, seres em evolução buscando o bem, fazendo o bem e evitando o mal. Isto deveria resumir todas as religiões do planeta. 

Para finalizar este texto, coloco aqui uma ótima definição (dada por outra amiga minha) do que é ser mulher nos dias atuais: “É trabalhar fora, em casa, sangrar e ter cólicas todo mês. É ser julgada o tempo inteiro, às vezes não ser respeitada, ser a responsável pela perpetuação da espécie, carregar seres por 9 meses, amamentar, ser vista como fútil, fácil, falsa, fresca, volúvel, consumista... E ainda receber a alcunha de sexo frágil...”


segunda-feira, 10 de fevereiro de 2014

Definir "bem" e "mal" faz bem, ou faz mal?


Se você pudesse definir seu percentual de bem e mal, qual seria? Será que sua mãe, marido, esposa ou filho citariam a mesma divisão percentual que a sua? E se o conceito do bem que eu possuo for diferente do seu?

Muitas pessoas têm traumas com a aparência. Se alguém me disser algo simples, como “poxa, você engordou”, isso não irá me atingir (porque sempre fui magro). Mas pode ferir e desequilibrar alguém que passou a vida lutando contra a balança. Por isso é tão difícil criar conceitos do que faz parte do bem e do mal: uma pergunta indefesa para mim pode acabar com o dia de outra pessoa (ou seja, o que me faz bem pode fazer mal a você).

De qualquer forma, acredito que devemos nos policiar para estar o máximo possível do lado do bem: no foco nas virtudes (e não dos defeitos) das pessoas, na energia do elogio (e não da ofensa), do falar bem (e não do falar mal), do calor humano (ao invés da frieza), do sorriso (ao invés do semblante cerrado) etc.. Mas é imprescindível que tudo isso seja verdadeiro – ou você gostaria de receber um elogio ou um sorriso falso?

Bom... Aí a gente nasce em um país onde, infelizmente, muita gente é egoísta, mal educada e vive querendo levar vantagem em cima dos outros. E aí, como você age quando alguém lhe trata com rispidez? Tenta educar ou responde na mesma moeda? Esta é uma questão que muitos atendidos me trazem. Devemos orientar educadamente essas pessoas ou agir com a mesma rispidez com a qual eles nos trataram (pois só falando na linguagem deles é que eles entendem)? 

É aí que eu chego no mote deste texto: em um país como o nosso, mais vale visar somente o bem, ou evitar o mal? Fazer o bem não seria evitar o mal? Evitar o mal não seria proporcionar o bem? Aliás, como definir o BEM se ele pode ser bom pra você, e ruim para outro? Como decretar algo como MAL se ele pode fazer bem a outra pessoa? 

A verdade é que esta divisão evidente do bem e do mal só se vê em novelas e religiões. Pessoas normais têm um percentual natural de bondade e ruindade, esta é a realidade - e bondade na visão de uns pode ser ruindade para outros. O bem e o mal caminham de braços dados, como metaforicamente as religiões definem a linha tênue que separa Deus do diabo.

Você já reparou nas histórias de muitos super-heróis dos filmes e quadrinhos? Muitos deles têm algo em comum: passaram por muita coisa ruim na vida, e começaram suas “carreiras” de heróis se vingando dos malfeitores que acabaram com suas vidas. Foi assim com o Batman, com o Homem Aranha e muitos outros. 

Já com os X-Men, que são seres mutantes, o mote das histórias é o preconceito das pessoas normais contra estes mutantes. Enquanto parte dos mutantes lutava pela inclusão social deles e o fim deste preconceito, outra parte (a turma do Magneto - que é tido como o bandido da história) queria se vingar das pessoas que os desprezavam e alimentavam este preconceito. 

Então, como você agiria com alguém que faz mal a você? Levaria o bem a ele ou tentaria derrubá-lo, para que ele parasse de lhe fazer mal?

No caso de nosso país, ainda há outro agravante: em muitos casos, parece que o crime COMPENSA. Um guardador de carro (ou flanelinha, aqui em SP) ganha mais que um estagiário de medicina. Um traficante ganha mais que um policial (e geralmente é melhor equipado também). Conclui-se, portanto, que é mais difícil andar na retidão do que levando vantagem em cima dos outros - haja vista as filas furadas, o egoísmo no trânsito, a falta de educação e civilidade, a ignorância aceita como troféu, o exigir de direitos e ignorar dos deveres e o deplorável “jeitinho brasileiro”. Nossa classe política? É um mero reflexo de nosso povo. Muita gente inclusive faria o mesmo que eles se estivessem em seus lugares.

Então, o que fazer? Eu acredito que há duas formas de fazer um povo aprender as coisas: pelo Amor ou pela dor. Temos neste país pessoas irremediavelmente ruins - ou você acha normal alguém esfaquear um pai de família porque ele buzinou para seu caminhão? Ou atear fogo em uma dentista que não tinha muito dinheiro no banco, mesmo dando todo o dinheiro que tinha, seu cartão e sua senha? Ou alguém esmurrar uma professora idosa, estuprar uma criança, dar um tiro na cara de alguém por não ter um iphone para ser roubado? Pois é, estes absurdos ocorreram por aqui, isto não é ficção. 

Se eu fosse um cara inteiramente negativo, eu diria que nós temos três alternativas: nos juntar aos criminosos, sair do país ou morrer. No entanto, nós sempre temos a opção de encarar TUDO sob uma ótica positiva. Não temos que ignorar os (imensos) problemas que nossos bairros, cidades e país têm, mas sim, dedicar um maior foco em nossas virtudes e pontos positivos.

Logo, se você quiser tentar viver alheio(a) a tudo que vemos diariamente nos jornais (sempre ávidos por sensacionalismo barato e tragédias), FAÇA A SUA PARTE.

Dê o exemplo para seus filhos, amigos e parentes. Faça o certo, pois como diz um ditado, o errado continua sendo errado mesmo se a grande maioria optar por ele.

domingo, 9 de fevereiro de 2014

Qual é a sua relação com o Amor?


Como está o seu Amor próprio? Como você trabalha o seu Amor ao próximo? Você atrela a sua felicidade a um Amor que outra pessoa deve sentir por você? O Amor é e sempre será nosso maior combustível energético, e mesmo assim, as pessoas se esquecem da amplitude do Amor. Acham que ele se resume ao Amor próprio e ao Amor de um casal, seja ele de homem e mulher, homem com homem ou mulher com mulher.

A verdade é que o Amor é muito maior que o combustível que une um casal. É através dele que criamos relações saudáveis com nosso núcleo familiar, nossos amigos, companheiros de trabalho, nossos vizinhos, conterrâneos e até mesmo a nossa compaixão por plantas, animais, locais, objetos ou pessoas completamente desconhecidas. 

Porém, o que ocorre é que hoje em dia, muitas pessoas desenvolvem relações doentes com o Amor. Por isso nos deparamos tanto com homens ou mulheres se lamentando por algum infortúnio amoroso nas redes sociais.

E por que isso ocorre? A meu ver, porque vivemos em uma época de extremo egoísmo. Pessoas lançam teorias com apelos egoístas (justificando a existência de gerações solteiras e/ou sozinhas na vida) e muitos aplaudem, encontrando um consolo racional para uma triste (mas mutável) realidade: Mais do que deixar de assumir seus erros, homens e mulheres não aceitam que nós somos aquilo que nós achamos que somos. Se você acha que é azarado(a) no Amor, você realmente só vai atrair o azar no Amor – essa é a Lei da Atração: pensando, agindo e emanando azar, você vai passar ao mundo ao seu redor a imagem de uma pessoa azarada. Como atrair um Amor pleno ou uma carreira de sucesso propagando uma imagem atrelada ao azar?

Se puder, faça um breve exercício: lembre-se da última vez em que alguém lhe passou para trás de alguma forma – seja em uma sabotagem profissional, a propagação de uma mentira ao seu respeito ou uma traição amorosa. Independente da pessoa que ocasionou isso ter ou não má índole, acredite: talvez você mesmo(a) tenha permitido que isso ocorresse. Isso porque é você que escolhe os passos que dá, a formação que lhe define e as relações que tem. Já parou para refletir sobre isso?

Pensando nisso, separei alguns perfis bem comuns de pessoas que negligenciam o Amor de alguma forma:


1-"A VÍTIMA" - essa pessoa vive reclamando, posta indiretas nas redes sociais e acha que tudo que ocorre de errado na vida amorosa dela é culpa dos outros. Além de se exporem demasiadamente, estas pessoas na maioria das vezes não são capazes de entender a parcela de culpa que elas mesmas têm para esses infortúnios. Culpam o país, o sexo oposto ou o acaso, permanecendo à espera de alguém que vai cair do céu. Meus amigos e amigas, o Amor como combustível de vida sempre deve partir de vocês, não do(a) outro(a)...


2-"A(O) SEXISTA" - Outra postura que eu acho deprimente é ver pessoas agindo como se o sexo oposto fosse um inimigo, postando piadinhas machistas ou feministas.


3-"O(A) SOLITÁRIO(A) FELIZ" - diante dos cenários descritos acima, muita gente acaba "fugindo" ou temendo entrar em uma relação. Esbravejam frases orgulhosas tais como "solteiro(a) sim, sozinho(a) nunca" ou "antes só do que mal acompanhado(a)". Mas a verdade é que são pessoas inseguras, traumatizadas e que duvidam sempre dos sentimentos dos outros. 

4-"O(A) AUTOSSUFICIENTE" - pessoas que querem vender perante seus amigos ou amigas uma imagem inatingível, como quem berra aos quatro cantos algo como "VOCÊ VAI PRECISAR FAZER BEM MAIS DO QUE ISSO PARA ME CONQUISTAR" - E quando a pessoa interessada desiste, vai pras redes sociais reclamar que "mulher hoje em dia é tudo vagabunda", ou "homem é tudo igual: nenhum presta!". 

Bem... Se você se enquadra em um dos 4 perfis acima, você é apenas mais uma pessoa que faz parte dessa geração egocêntrica, individualista e orgulhosa de ser assim. E eu não consigo entender esta postura. 

Independente de tudo que você viveu em termos de frustrações amorosas, por que pressupor que o mesmo ocorrerá no futuro?Por que tanta reclamação? Por que não se entregar ao Amor quando ele bate na sua porta? A resposta para isso é muito simples: as pessoas hoje esperam o pior das outras. 

Se uma mulher se interessa por um cara, ela se preocupa mais em não se expor, pois "se eu deixar claro que gosto dele logo de cara, ele vai deitar e rolar em cima de mim, me fazendo de gato e sapato". Se um homem se apaixona por uma mulher, faz a mesma coisa: "Mulher gosta de homem que maltrata, bonzinho só se dá mal". Desta forma, ocultamos nossos sentimentos e descartamos às vezes ótimas opções de parceiros, simplesmente porque esperamos sempre o pior dos outros.

Quer DE FATO mudar seu cenário amoroso? Então, procure seguir quatro simples dicas descritas abaixo:

1. Priorize a sinceridade, SEMPRE – "Gosto de ficar com você, mas não quero me relacionar de forma séria neste momento. Te interessa uma relação assim?". Se a resposta for sim, ok. Se não, "Boa sorte, tchau". Será que é tão absurdo agir desta forma? E caso a outra pessoa seja mentirosa, mau caráter ou esteja em uma fase mais imatura, bote na cabeça que você é que se livrou de um problema - já ela é que se deu mal, perdendo uma pessoa bacana.

2. Não rotule se não quiser ser rotulado(a) - homem não é tudo canalha, mulher não é tudo puta e é extremamente grosseiro rotular pessoas. E lembre-se: Não é privilégio do homem ou da mulher estar disponível (ou não) ao Amor. Não é o gênero ou o meio que define uma pessoa, e sim, sua essência individual. Ninguém é igual a ninguém.  

3. Valorize-se mais do que tudo - Relacionar-se hoje é difícil porque chovem homens e mulheres propensos a beijar e transar por aí, sem compromisso ou exigências. Mas será que beijar e transar aleatoriamente é algo que nos sacia a longo prazo? Por alguns meses, pode até ser divertido. Depois cansa. Deixa um vazio, uma sensação de que não nos valorizamos devidamente e que somos descartáveis. E se nem nós conseguirmos nos valorizar, não será um(a) parceiro(a) potencial que fará isso.

4. Pare de esperar pelo Amor, como se ele fosse bater na sua porta do nada! A vida não é assim. Para conquistar plenamente outra pessoa, você deve primeiramente SE AMAR, se aceitando e se valorizando. Quando conseguir isto, aí sim será capaz de convencer outras pessoas de que você vale a pena.

O Amor é e sempre será nossa maior riqueza. É Deus dentro e fora de nós. É através dele que nos conectamos ao bem. E a partir do momento em que você se sintonizar ao bem que o Amor proporciona, com certeza você atrairá o melhor que a vida é capaz de trazer. 

Por tudo isso, dê ao Amor o valor que ele merece. Ame sua vida, seu corpo e tudo que lhe cerca. Valorize o que você tem (ao invés de lamentar pelo que você não tem). E, se você quiser atrair alguém que verdadeiramente valha a pena em uma relação amorosa, pare de tratar os homens e mulheres como "o inimigo a ser batido", pois na maioria das vezes, não é o(a) "outro(a)" que lhe boicota. É você mesmo(a).