Quando testemunhamos uma grande tragédia como a queda do avião com os tripulantes, alguns jornalistas e jogadores/ profissionais da Chapecoense, mesmo sem conhecer nenhuma das vítimas, sentimos como uma bordoada na cara. Além da comoção gerada pela fatalidade em si, - e quase uma centena de mortes em um só acidente - nós nos sentimos meio que na pele dos entes queridos dos falecidos. Imaginamos a dor dos pais, esposas, filhos e amigos destas pessoas recebendo uma notícia destas, e o quão difícil será o dia de amanhã para todos eles. Afinal, se já sofremos tanto pela morte de um parente de noventa anos e doente, é difícil mensurar a dor sentida por alguém que parte jovem, do nada, feliz e no auge de sua carreira.
Como se isso não bastasse, este triste incidente envolveu o esporte mais popular de nosso país (que, há poucos dias proporcionou a comoção inversa em torcedores palmeirenses, felizes e emocionados por um título conquistado depois de mais de duas décadas - num jogo justamente contra a Chapecoense!). Mas não é só isso: este acidente dizimou um time jovem, fundado em 1973, muito bem administrado (coisa rara no nosso futebol), que colecionava acessos e vitórias de forma convincente, honesta e sequencial. E isto gera uma certa sensação de "injustiça" - como um "mantra" que bradava silenciosamente algo como "definitivamente, a Chapecoense não merecia isso". Para aumentar ainda mais o drama, esta fatalidade ocorreu justo no dia em que este time partia para uma decisão de um torneio continental - ou seja, quando estava mais próximo da maior de todas suas glórias.
Ao longo do dia, me deparei com mensagens mais exaltadas (do tipo "se Deus existisse, não permitiria este tipo de coisa") e outras de extremo pesar, lamentando a "falta de sorte" que os envolvidos nesta tragédia teriam. Para ser bem sincero, é muito difícil interpretar este tipo de evento. A doutrina espírita os trata como "carmas coletivos", com causas muitas vezes advindas de vidas passadas. E enquanto os mais céticos tratam tudo como uma mera fatalidade, outros buscam entender ou absorver este luto com sórdidos argumentos para temperar ainda mais o teor dramático deste tipo de tragédia, tais como "Se o goleiro Danilo não tivesse defendido aquela bola no último segundo das semifinais, isto não teria ocorrido" (o que eu considero uma imensa falta de respeito com os entes queridos e com os próprios envolvidos neste triste episódio).
Independente dos culpados ou da causa da queda do avião, da minha parte, acredito que nada acontece por acaso, e infelizmente o destino da Chapecoense e de todos que estavam naquele voo apenas seguiu seu rumo - e o mesmo pode ser dito dos que sobreviveram, dos que eram para estar naquele voo e não foram ou dos times que a "Chape" eliminou bravamente durante a Sul Americana.
Então, nestes momentos de extrema comoção e tristeza, o que nós, testemunhas temporais do fato em si (mas não envolvidos diretamente no acidente), podemos absorver como aprendizado? Primeiramente, que a vida é um sopro. Frágil, rápida e, de certa forma, incontrolável (já que não sabemos boa parte do que está reservado para nós, apesar do nosso livre arbítrio).
Em segundo lugar, você pode transformar sua tristeza em um agente mobilizador do BEM. Não deixe que o lado humano desta tragédia morra com o passar dos dias: cobre das autoridades e da diretoria de seu time uma efetiva ajuda à instituição Chapecoense - e, mais do que isso, que a maior prioridade seja assistir da melhor forma às famílias dos que morreram indo para seu "campo de batalha" - afinal, se a sua tristeza se resume em mudar a foto do seu Facebook, vale ressaltar que as contas dos familiares das vítimas continuarão chegando até mesmo quando você já tiver esquecido deste acidente.
De qualquer forma, mais do que apenas absorver a tristeza, comoção e luto que hoje nos atingem, este tipo de tragédia sempre deve servir para refletir: o quanto você de fato valoriza o "hoje"? Sente Gratidão por cada dia em que recebe a bênção de acordar e poder viver aquilo que você quiser? O quanto você negligencia a possibilidade de abraçar seu pai, beijar sua mãe, prosear com seus avós ou apenas dormir de conchinha com seu marido/sua esposa? Quantas vezes você cruza com um grande amigo e diz "vamos marcar alguma coisa qualquer dia desses", e fica anos sem vê-lo? E brincar com seu filho/sua filha, quantas vezes você não abriu mão alegando estar ocupado(a) ou cansado(a)? Dezenas de pessoas hoje não poderão mais fazer nada disto, e você aí, reclamando que merecia um salário melhor, lamentando ter cinco quilos a mais ou discutindo por uma classe política que só pensa em seus próprios interesses.
Mais do que postar nas mídias sociais toda sua comoção por este triste evento, valorize aquilo que você tem, não desista de seus sonhos, busque a felicidade nas pequenas coisas e NUNCA perca oportunidades de aprender ou ensinar. Lembre-se sempre que estamos aqui para EVOLUIR através do AMOR PRÓPRIO e AMOR AO PRÓXIMO. Nada vale a pena se não envolver Amor.
Já em relação aos tripulantes do avião que caiu, jornalistas e profissionais da Associação Chapecoense de Futebol, que seja valorizado o legado humano que cada um deles deixou aqui nesta vida. Muita força e LUZ para seus entes queridos, e que fiquem em suas memórias as vitórias e os momentos mais felizes que foram vividos com eles. Cumpriram suas missões por aqui e certamente sobem para planos mais elevados sendo saudados como verdadeiros campeões...
(escrito por Jonas de Paula)
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