terça-feira, 28 de abril de 2020

E depois que tudo isso passar?

Que hoje vivemos momentos de incertezas, isto é um fato. Que tudo isso vai passar, também é um fato. Que haverá muitos desencarnados, muitos traumatizados e cheio de sequelas, isto também é um fato. Aliás, isto é normal quando passamos por qualquer tipo de adversidade, desde um acidente de carro, uma fratura ou uma desilusão amorosa - pois os traumas geram aprendizados, dores e lembranças. Há quem diga que em poucos meses, viveremos como se nada disso tivesse ocorrido, e quem diga que a vida nunca mais será a mesma. E, diante de todo este cenário, ficamos reféns do acaso. "Ficarei seguro(a)?", "Perderei entes queridos?", "Quanto tempo mais durará isso?"... O fato é que vai passar. E depois? O que você espera do pós-corona?

Em primeiro lugar, enquanto muita gente discute se devemos priorizar o lado humano ou econômico disso tudo, é óbvio que estes lados se complementam (afinal, se todo mundo morre, não fica ninguém para consumir - e se todo mundo "quebra" financeiramente, haverá colapso nos hospitais públicos, mais violência, assaltos, suicídios e mortos). É claro que o lado humano sempre deve ser priorizado, mas sem ignorar os empregos que sumirão, as empresas que fecharão e as reservas que diminuirão. No entanto, esta "dupla" (lado humano e lado econômico) na verdade é um trio: temos que manter vidas, preservar o máximo possível da parte econômica e também o lado emocional/mental. Muita gente sairá aparentemente ilesa desta pandemia, mas repleta de medos, angústias, traumas e desequilíbrios internos que poderão comprometer seus lados físico e profissional. E não vejo muita gente falando sobre este 3o lado. Eu vejo muita gente romantizando esta quarentena, buscando explicações espirituais para tudo isso e outras querendo atrelá-las a aprender/produzir, mas há pessoas que estão de fato pirando em suas bolhas de isolamento, saudosas de afeto, da vida social, inseguras, pessimistas, ansiosas e com medo do futuro. É a estas pessoas que quero me dirigir neste texto.

Vamos lá... Na real, hoje acredito que a gente esteja DE FATO chegando ao tal pico de contágio. Por isso, procurem não ficar atrás de notícias o tempo inteiro. Não para gerar uma alienação, mas sim, porque nós só temos o controle sobre o nosso isolamento - e se seu vizinho de bairro faz bailes funk, anda sem máscara, vai em festas e desdenha disso tudo, você não tem como diminuir a curva sozinho. De qualquer forma, faça sua parte SE PUDER! (mas aceite quem não pode e precisa sair para ganhar dinheiro para comer). Julgue menos e seja mais empático! 

De qualquer forma, este período de pico exigirá ainda mais isolamento e cuidados (como o uso de máscaras e o distanciamento mínimo de 2m de outras pessoas). Após tudo isso, assim como ocorreu em vários países, a coisa diminuirá até sumir. E depois disso?

Bom... Aqui de fato começa o propósito deste texto. Os profetas do apocalipse dizem que entraremos em uma recessão imensa, e que demoraremos anos para nos recuperar. Ok, haverá uma recessão, muito desemprego, pessoas com menos reservas em suas contas... E os mais privilegiados terão mais dinheiro para comprar - e com um poder de barganha maior. Se alguém estiver passando dificuldades e tiver que vender um carro para comer ou pagar a escola de seus filhos imediatamente, é provável que tenha que, por exemplo, se desfazer de um carro. E, na necessidade, é provável que aceite 20 mil em um carro que vale 30. Nesses momentos, quem tem esses 20 mil, se dá bem (e isto vale para imóveis, contratantes etc.).

No entanto, você sempre tem a opção de escolher seu referencial (ou, como diz Einstein, "tudo é relativo"!). Por mais chavão que isto soe, mesmo em períodos extremos, você sempre terá a opção de enxergar seu copo como meio vazio ou meio cheio. "Mesmo agora?", podem estar questionando alguns de vocês. Acredite... Mesmo agora!

Pensando nisso, separei algumas frases que tenho escutado das pessoas mais pessimistas, e vou tentar mostrar "o copo cheio" de todas elas:

1-"Os mais ricos se darão bem". E aí, o que há de diferente nisso? Eles sempre se darão bem, seja por décadas de esforço, merecimento ou "sorte". Então, ao invés de praguejar ou desmerecê-los, concentre-se nas coisas que estão ao seu alcance, e não no que VOCÊ ACHA que os outros devem fazer. Além do mais, se isto sempre ocorreu, este não é um argumento que deva ser levado em conta no pós-corona.

2-"Grande parte da população sairá mais pobre". Sim, isso é verdade. Mas quer saber? Nós, brasileiros, nunca vivenciamos grandes tragédias (somente nossas "tragédias cotidianas"). E até por isso não refletimos sobre o quanto este "empobrecimento" (que eu prefiro chamar de "mudança de referencial financeiro") é normal após eventos catastróficos, como uma guerra ou um desastre natural. E este cenário gera uma bola de neve, onde se eu não tenho dinheiro, eu consumo menos. Se eu consumo menos, alguns empresários falirão e outros terão que diminuir seus preços, para que as pessoas com menos dinheiro possam comprar seus produtos/serviços. Se o empresário tiver que diminuir seu preço de venda, ele terá que exigir uma diminuição no preço de compra, e isso atingirá quem transporta esses produtos, o valor da gasolina... até chegar no produtor da matéria-prima. Este "ajuste" pode ser visto como um período de ruptura, onde o lado bom é que a gente percebe que TUDO PODE SER MAIS BARATO - e se você antes ganhava 6 mil reais e gastava 5 mil todo mês, sua vida não mudará se você ganhar 3 e gastar 2500. Além do mais, você não está sozinho(a) nisso tudo: se estão todos no mesmo cenário e quase todos são afetados, existirá um esforço COLETIVO para que todos saiam aos poucos disso. Em outras palavras, ganharemos menos, mas gastaremos menos. 

3-"Tudo isso gerará uma série de sequelas". Ok, já falamos sobre boa parte delas. Bem... Que tal falar sobre as sequelas boas? Muitas empresas estão vendo que talvez não seja necessário exigir 100% de seus funcionários fisicamente na empresa. Isto gerará mais empregados "home office", que gerará menos espaço físico necessário para as empresas, que gerará empresas em imóveis menores, que gerará uma economia que poderá gerar mais empregos. Com mais pessoas "home office", teremos menos trânsito, mais famílias juntas e menos carros poluindo as ruas. 

Quer mais sequelas boas? Muita gente está se reinventando, vendendo cursos à distância, se expondo mais nas mídias sociais, atingindo públicos-alvos que não atingia antes e propagando suas mensagens de forma muito mais ampla. Quer mais? Muitas profissões que eram desvalorizadas estão "na linha de frente", e serão mais respeitadas e valorizadas (como os professores, os profissionais da saúde, de entrega de produtos, os de limpeza, os cozinheiros... A lista é imensa!). Mais respeito gera mais autoestima, e muitas pessoas questionarão seus papéis na sociedade - pois estão com tempo para refletir hoje. Isso não é uma coisa boa?

4-"Minha vida mudou tanto que tenho medo de que as coisas não voltem a ser as mesmas de antes". Bom... Esta é uma consequência que está em suas mãos. Se você está tomando mais cuidados na parte higiênica, manter isso é uma coisa boa, não acha? Se você está passando mais tempo com sua família, por que querer mudar isso? Aliás, se você está EDIFICANDO as horas livres que tem hoje, por que não manter isso? Se você está lendo mais, dormindo mais, se exercitando mais, rezando mais, estudando mais, sentindo falta de sua família, amigos e tudo que você ama, tudo isso pode ser mantido no pós-corona, e ressignificado para algo bom. Mantenha as leituras, estudos, o lazer em família, o trabalho em equipe em casa (nas tarefas domésticas), as atividades físicas, as orações... E valorize seus entes queridos, mesmo na hora em que puder vê-los toda hora. Valorize o abraço, o afeto, o lazer e tudo que lhe faz evoluir física, emocional, mental e espiritualmente. Resumindo, FAÇA COM QUE SÓ FIQUEM AS COISAS BOAS DESTE PERÍODO. Afinal, eu imagino que na hora em que tudo isso passar, ninguém mais quer voltar a vivenciar algo parecido, não acha? 

5-"Muitas pessoas estão morrendo". Pois é... Esta é a única consequência definitiva e amplamente contraditória: se analisada de forma INDIVIDUAL, para quem perde um ente querido, esta pandemia já terá consequências devastadoras (e irremediáveis). Estão morrendo pessoas novas, velhas, com doenças e aparentemente sem nada - e a grande verdade é que por mais que haja previsões, ninguém pode afirmar quantas baixas teremos. NINGUÉM! No entanto, analisando de forma GLOBAL, nós sabemos que quanto menos seres humanos houver no planeta, melhor pro planeta! Basta ver como o céu está mais limpo, o ar mais puro, os mares e rios menos poluídos, animais se aventurando em cidades vazias... Então, caso você seja uma das pessoas abençoadas que não tiver entes queridos falecidos, reflita: este é um período de seleção natural que, PARA O PLANETA, acaba sendo bom. Parece cruel afirmar isso, mas é verdade. E caso você perca alguém especial, minhas sinceras condolências. Mas lembre-se: vai morrer e já morreu quem tinha ou tiver que morrer (ou seja, se chegar a minha ou a sua hora, seja por covid, infarto ou um tombo besta em casa, nós partiremos).  

Para concluir, vou acrescentar uma questão para você refletir, que gerará a consequência que você quiser: O QUE VOCÊ QUER SER APÓS TUDO ISSO? Acredite, você pode transformar sua vida o tempo inteiro - mais ainda em tempos onde todos estão passando por mudanças. Grandes invenções surgiram durante guerras, grandes remédios surgiram com doenças letais e é nestes momentos que separamos o joio do trigo. Enquanto empresários aumentam os preços de produtos em falta, outros doam verbas em prol da vacina. Enquanto alguns reclamam do isolamento em apartamentos de 200m, outros saem distribuindo marmitas para moradores de rua. Enquanto uns vibram mesquinhamente agarrados em suas verdades morais ou políticas, outros oram e pensam no "Todo". E enquanto alguns parecem sentir prazer em propagar tragédias, outros só espalham coisas boas. Com as mídias sociais, estamos cada vez mais isolados, mas ao mesmo tempo JUNTOS e MISTURADOS. Complexo, né? Só que o distanciamento pode propagar ódio e Amor ao mesmo tempo. Ódio porque é fácil xingar alguém isolado, sem a menor chance de trombar essa pessoa. E Amor porque EMANAMOS O QUE VIBRAMOS. O que a gente pensa, a gente cria. Então, deixo aqui mais uma reflexão para você: o que você quer vibrar neste momento?

Por tudo isso, como defendia Darwin, este é um momento de seleção natural. É sua escolha se isolar ou arriscar. Produzir ou reclamar. Ficar parado(a) ou evoluir. Odiar ou amar. Olhar pro seu umbigo ou para o Todo. Julgar ou compreender, criticar ou escutar.

É por isso que o pós-corona será aquilo que você pensar, vibrar, emanar e criar. Acredite, tá TUDO em suas mãos. É uma questão de escolha.

E aí, como será o seu pós-corona??

(escrito por Daniel Paione)