quinta-feira, 18 de agosto de 2016

O que este "clima olímpico" pode nos ensinar?


Estamos chegando no fim de mais uma edição de Jogos Olímpicos, e com um clima que mescla alegria, festa e tristeza pela frustração gerada pelos maus resultados dos nossos favoritos, todos já começamos a sentir uma leve saudade desta atmosfera de alegria e integração mundial. No entanto, há muitas coisas que deveriam ser aplicadas no dia a dia - e não só em tempos olímpicos. Separei as mais significativos (na minha modesta opinião).


1-O mundo poderia ser mais unido e coeso! O planeta Terra tem diversas raças, credos, povos e estilos de vida. Mas a cada abraço após vitórias e derrotas, é reforçado um conceito muitas vezes esquecido por nós: somos diferentes e iguais ao mesmo tempo. Somos adversários em campo, mas irmãos em alma. Se pudéssemos levar este clima para todo o período pós-jogos, o mundo seria um lugar muito melhor para se viver, com mais respeito, tolerância, aceitação e AMOR entre os povos.

2-Assim como na vida, é preciso saber ganhar e perder. Um atleta de ponta é obrigado a conviver com a frustração extrema e o êxtase da vitória de uma forma que nós, "meros mortais", não somos capazes de imaginar (até porque não se veem estes ápices nas carreiras normais: somos contratados, demitidos, ganhamos bônus, somos assaltados... Mas não vivemos, por exemplo, a emoção de vencer uma medalha de ouro olímpica, a conquista de um Oscar, um Grammy e outros exemplos de "ápices" que o Esporte e as Artes proporcionam). Histórias como a do ginasta Diego Hypolito, que caiu em uma depressão profunda após sofrer uma queda na prova mais importante de sua vida, são apenas um dos exemplos do que o esporte é capaz de proporcionar. É por isso que ao subir ao pódio, o atleta chorou copiosamente. Esportistas convivem com a vitória e a derrota de um modo muito mais frequente que a gente, por isso não devem se abalar ou se deslumbrar com isso: levantam-se rápido e esquecem as vitórias, pois o ganha pão deles é assim. E acho que essa "regularidade" nada mais é do que a tal busca pelo "Equilíbrio Pleno" que tanto defendemos em uma vida holística.  

3-Não somos feitos apenas de vitórias e derrotas. Muitas vezes, pelo fato da gente ser um país sem muitos heróis olímpicos ou exemplos de abrangência mundial (como um vencedor de um Nobel), jogamos nossas expectativas em cima de um atleta ou equipe, e quando eles perdem, a frustração é muito maior. Aí saímos decretando falsas verdades, tais como "Amarelou!", "Brasileiro nasceu pra se dar mal!" ou "Não temos estrutura emocional pra essas decisões.". O grande problema disso é que por trás de uma derrota de vôlei, atletismo, natação ou qualquer outro esporte, há um atleta que dedicou a vida inteira para estar ali competindo. E a vida dele, assim como a nossa, não deve ser medida pelas vitórias e derrotas: há as pequenas batalhas diárias, os estudos, os momentos alegres, tristes, a vida pessoal e tudo que ocorre antes e depois dessas provas. Como diz um ditado, a vida se faz pelos momentos que ocorrem entre uma foto e outra de um álbum de fotografias. Da mesma forma, um atleta olímpico é muito mais do que um atleta olímpico. Não podemos decretar alcunhas como "vencedor" ou "perdedor" por provas que duram anos, meses, semanas, dias, horas, minutos, segundos ou frações de segundos. 

4-Não somos nem os piores nem os melhores do planeta! Vivemos em um cenário político onde muita gente achava que estes jogos olímpicos seriam um fracasso - e, pior: alguns até torciam para isso. Antagonicamente, muita gente viu a abertura dos jogos e achou que a gente é o suprassumo do mundo. "Melhor abertura de todos os tempos!", decretaram alguns. Meus amigos, nem tanto ao céu, nem tanto à terra! Os jogos olímpicos servem justamente para promover uma integração/ confraternização mundial. E as competições são apenas o mote encontrado para promover esta integração. Por tudo isso, deixe de lado qualquer tipo de ufanismo exacerbado ou "complexo de viralatas". E, se é para gastar energia em algo, gasta torcendo a favor, nunca contra. 

5-O clima olímpico pode prevalecer fora dos jogos olímpicos! Antes dos jogos, os jornais só falavam de corrupção, crimes, tragédias, atentados... E no geral, a mídia tem sede por "sangue". Durante os jogos olímpicos, nos acostumamos a ver as cidades mais policiadas, festas nas ruas, gringos interagindo com locais, torcedores (vencedores e vencidos) comemorando a participação de seus times... E isto poderia ser algo mais corriqueiro para nós. Este clima meio de festa e confraternização é algo mais corriqueiro em cidades turísticas. Bom... Temos um clima abençoado, uma geografia abençoada e um povo que, apesar de ser (em sua maioria) mal educado (as vaias exageradas em alguns esportes que exigem concentração extrema mostraram isso), é extremamente hospitaleiro. Afinal, quando os gringos vêm para cá, esperam que nós falemos a língua deles - enquanto que nós, quando vamos ao exterior, nos vemos obrigados a falar a língua local deles. Por tudo isso, com o mínimo de esforço político e uma vontade de RECEBER BEM os turistas (e não "levar vantagem" em cima deles), a gente poderia ser sem dúvida o país que mais lucra com o turismo no mundo. E isso traria um pouco mais deste clima festivo ao nosso cotidiano. 

6-Não seja um "ufanista ocasional". Se você não acompanha certos esportes, por que se acha no direito de cobrar seus atletas e decretá-los como "perdedores"? Muitas vezes, vemos um(a) atleta de um esporte pouco popular no país ser eliminado(a) no primeiro embate, e já o(a) cunhamos como perdedor(a). Só que, somente para chegar até ali, aquele(a) atleta provavelmente dedicou sua vida inteira, muitas vezes sem apoio, patrocínio, sem uma base esportiva escolar e com a família se desdobrando para torná-lo(a) um(a) atleta olímpico(a). Bom... Se você passou a vida inteira sem bater seu carro e bate uma única vez, você gostaria de ser decretado(a) como um(a) mau(má) motorista? Pois é. Então não faça o mesmo com os outros. Se você quer ter o direito de julgar um atleta, acompanhe seu esporte. E lembre-se que por trás de uma derrota, há várias vitórias e derrotas. A vida se faz na busca das vitórias, e não nas vitórias em si. 

Enfim... Os jogos estão acabando, e é possível aprender muito com esse cenário. O "viver holístico" que tanto "pregamos" aqui nada mais é do que se enxergar individualmente sem deixar de se ver como parte de um Todo indivisível. E esta integração é muito mais vista neste clima festivo de eventos globais. Se é possível focar na integração, por que focar nas adversidades? Se é possível focar na confraternização, por que focar nas derrotas? E, se é possível focar nas nossas qualidades, por que focar nos nossos defeitos como povo e país? 

Sim, é possível usar este clima e aprender que a vida é muito maior do que um mísero mês de alegria de quatro em quatro anos. E, independente de nossas derrotas e vitórias, lembre-se que a vida não é feita de quedas, derrotas, pódios e medalhas. É feita no suor diário, na busca pela vitória e pelo respeito ao próximo.

Se você quiser que este clima leve, alegre e festivo continue após o encerramento dos jogos, faça sua parte. Busque suas vitórias e aplauda as vitórias alheias. Afinal, os jogos se encerram no domingo. Mas a vida continua...
  

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